Quem diria, a árvore símbolo do Brasil está em todas as orquestras do mundo.

Segundo reportagem da Folha de São Paulo (só para assinantes), o pau-brasil (Caesalpinia echinata -está grafada errada na reportagem) é a madeira mais usada para fabricar arcos para instrumentos de corda, como o violino e o violoncelo. Quando o virtuose Yo-Yo Ma se apresentar no país na semana que vem, estará usando pau-brasil no arco de seu violoncelo -como quase todos os "cellistas", violinistas e contrabaixistas do mundo.

O maior consumo se dá na na Europa e nos EUA. Só que agora o pau-brasil terá proteção internacional, pois foi aprovada ontem, numa conferência na Holanda, a regulamentação ao seu comércio. A Cites (Convenção sobre o Comércio Internacional de Espécies Ameaçadas) acatou por unanimidade a proposta do Brasil de incluir sua árvore-símbolo no chamado Apêndice 2. Essa categoria de proteção prevê restrições ao comércio internacional da madeira. Quem quiser vender pau-brasil a partir de agora precisará de certificado da Cites.

O corte da árvore vermelha já era limitado no país desde 1992, quando ela foi considerada oficialmente ameaçada pelo Ibama (Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis). Toda extração de pau-brasil da mata atlântica passou a depender de autorização do órgão.

O pau-brasil é usado pois tem a melhor relação entre densidade e flexibilidade de todas as madeiras conhecidas. Essas propriedades foram descobertas ainda em meados do século 18 por "luthiers" (fabricantes de instrumentos) franceses. Em pouco tempo, o pau-brasil substituiria todas as outras madeiras tropicais usadas para fazer arcos.

Mas os músicos podem ficar tranqüilos: o cerco ao comércio da espécie não afetará suas turnês. "Colocamos uma exceção para isentar os instrumentos musicais e arcos fabricados com a madeira da obrigação de portar um certificado Cites para realizar viagens internacionais", segundo Fernando Coimbra, conselheiro do Itamaraty e chefe da delegação brasileira na Cites.